O "Eu te amo" - Capítulo 1

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Capítulo 4




Meus dias estavam passando tranquilamente, assim como imaginava quando pequena, meus dias como universitária estavam sendo ótimos. Havia conhecido pessoas de todos os tipos, desde mulherengos como Miyaha até gays transferidos da França. Claro que apesar de estar aproveitando meu novo estilo de vida, algumas coisas ainda preocupavam-me. Mesmo que não soubesse o porque, de alguma forma sentia-me culpada pelo desentendimento de Miya e Dion. Ainda mais depois de saber que Erick mudara-se para a casa de um amigo depois daquilo, o que chocou-me um pouco. Mas não podia deixar abater-me por isso, tinha que procurar ver o lado bom das coisas, finalmente havia concretizado meu sonho de possuir a tão sonhada liberdade, então como qualquer outra pessoa de dezoito anos, tinha que aproveitar, mesmo que ainda recebesse quase todos os dias ligações de minha mãe preocupada desnecessariamente. Era um pouco triste ver que ela não confiava em mim, era tão difícil assim acreditar que eu podia virar-me sozinha? Este era o meu ano e como qualquer garota, queria experimentar o amor, o sentimento de ser amada, de receber carinho de alguém especial. Eu estava cheia de sentimentos, e queria coloca-los para fora. E esse seria meu foco neste primeiro ano na universidade. Conhecer candidatos à vaga!
Não queria ficar perdendo tempo com aborrecimentos, até então não tinha algo como isso, mas se surgisse, ignoraria. Não havia saído de minha cidade para isso, já tinha problemas demais lá, não precisa de mais. Se algo viesse a acontecer aqui, seria unicamente a superação de algumas más recordações minha. Nada mais.
Eu estava abertamente esbanjando felicidade, eu não era do tipo que falava muito ou era de puxar conversa com estranho facilmente, mas ainda assim havia feito amizade com uma das garotas do prédio. Ela chamava-se Clare, um nome que transmitia a meu ver, perfeitamente sua imagem. Uma mulher dócil por fora, mas certamente feroz por dentro. Nunca antes havia conhecido alguém como ela. Admirava-a mais e mais, era perspicaz, sabia o que queria e lutava por isso. Sem contar que preocupava-se com os outros, em apenas um dia que nos falamos, ofereceu-se para ajudar-me a encontrar um emprego, numa cidade que eu pouco conhecia. Só de pensar que estava relacionando-me com alguém assim, já era o suficiente para que eu levantasse sorridente todas as manhãs. Encantadora, era a palavra que a definia.
Clare era um pouco mais alta que eu, tinha cabelos curtos e liso num tom de loiro, seus olhos eram escuros, mas muito sedutores. Transmitiam confiança. Possuía o corpo de uma modelo, não surpreender-me-ia se o fosse. Estava sempre cheirosa, era de família rica, bem renomada no país e a fora.
Eram seis horas da manhã e como nos dias anteriores peguei minhas coisas e sai a procura de um emprego, não podia ficar dependendo de meus pais. Enquanto isso, Miya dormia em seu quarto, parecia preocupado com Erick.

***

O clima estava cada vez mais estranho entre todos nós. As trocas de olhares fatais entre Dion e Erick, o comportamento questionável de Clare com relação a mim e sua aproximação de Lili, o momento “paranormal” com Lilian, o aluno novo cheio de charme para cima de Derek e claro, os momentos íntimos com Derek.
Depois dos dias tensos que passaram e esta noite de chacina só tinha em mente uma bela ducha de água quente e uma boa noite de sono.
Eu caminhava pelos corredores do prédio em que vivíamos com os ombros pesados de tantos problemas, estava a poucos passos do elevador e quase em meu apartamento pronto para entrar, mas então berros surgiram ao longo do corredor.
– Sai daqui! Some! Quem te chamou aqui!? – Derek? – Supus. Mas não poderia ser, não conseguia imagina-lo fazendo escândalo pelos corredores.
– As coisas não precisam ser assim, me perdoe – Uma segunda voz tomava conta dos corredores. Devia ser um homem mais velho pelo tom da voz.
O estralar de um tapa ecoou, logo Derek surgira no corredor andando em passos longos e firmes. Ele emanava uma aura assassina, como se estivesse pronto para aniquilar alguém. Era aterrorizante. Nunca havia visto-o assim, pelo visto estava enganado, o doce e inocente Derek era capaz sim, de provocar um escândalo; mas por qual motivo?
Derek aproximava-se, assim que passara por mim agarrei furtivamente sua mão. Tinha ciência que não gostava de mim, e que tão pouco desabafaria comigo. Mas sua atitude nunca antes vista, estranhamente, preocupou-me.
Abri a boca para pronunciar seu nome, mas para minha surpresa Derek ferozmente jogou-me contra a parede pressionando seu braço em meu pescoço.
– D-Derek..?- Sua força era inesperada, de onde um homem “frágil” como ele tirava aquela força? Mal conseguia distanciar seu braço de meu pescoço para poder respirar, tarefa que tornava-se mais difícil a cada instante. Ele estava sufocando-me sem nem vestígios de piedade, precisava fazer algo, ou logo poderia não estar mais aqui- Derek… Olha para mim- Apesar do pedido continuou com a cabeça baixa, olhando para o chão. Logo murmurava palavras.
– Eu odeio vocês, eu odeio vocês, eu odeio vocês- Eu estava cada vez mais assustado, e começando a querer evitar olhar nos seus olhos por medo do que poderia ver.
Por não ter olhado para mim quando eu pedira, pensei que não o faria depois, mas estava enganado.
Senti um calafrio subir pela minha espinha dorsal, meus pelos arrepiaram-se, meus olhos involuntariamente arregalaram-se, lentamente, Derek levantava sua cabeça.
Encarou-me por um segundo e gritou em seguida- EU ODEIO VOCÊS!- Nesse instante tive certeza, se eu não fizesse nada, ele mataria-me. A força posta em seus braços aumentara, não restava-me muito o que fazer. Larguei seu braço, e novamente o estralar de um tapa ecoou pelos corredores. O que mais poderia fazer? Os olhos que vi eram maldade pura, mas que no fundo escondia um ser angustiado por não ter saída. Um pequeno Derek, chorava por trás daquele olhar. Por que chorava? Quem ele odiava? Perguntas como essas fizeram eu passar a querer saber mais, a querer protege-lo. Não dos outros, mas dele mesmo. Por que em seus olhos; eu pude ver-me.
O tapa eu dera aparentemente servira para algo, Derek soltou-me afastando-se alguns passos para trás, estava desorientado. Não olhou-me novamente nos olhos, manteve a cabeça baixa, por ser mais baixo que eu o cabelo caído sobre os olhos impedia-me de ver parte de seu rosto. Seus lábios não mexiam-se, no que estava pensando? Havia se dado conta do que acabara de fazer?
Eu estava com medo, medo de que fosse acontecer de novo. Meu corpo tremia de pavor apenas por ouvir sua voz, podia sentir meu coração bombear mais sangue por estar nervoso só de estar na presença daquele homem. Apenas o som de sua respiração já era um incomodo. Não queria-o perto de mim, custasse o que fosse, manteria-me longe dele, assim como havia feito até agora. Não queria que acontecesse de novo, não queria perder tudo aquilo que havia lutado para ter ao longes destes últimos anos. Uma família, amigos, uma vida com propósito, uma casa para voltar. Se ele estivesse por perto, perderia tudo isso, justamente como agora. Eu estava loucamente procurando por uma saída, mesmo que tivesse que ferir alguém por isso. Mais alguns segundos e Miya poderia estar morto- Eu sou um monstro- Sussurrei.

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